sábado, 20 de setembro de 2008

COMO EDUCAR SEM VALORIZAR

Todo início de ano, a classe educadora, em todo o Brasil, mas em particular, no Estado do Pará, mergulha no eterno dilema da expectativa de ver seus anseios remunerativos atendidos, de poder acessar a um vencimento salarial que, realmente, seja, condizente com sua labuta incessante em sala de aula.
Essa luta renhida, que vira e mexe, desemboca em paralisações. greves e outros mecanismo reivindicatório legítimos, muitas das vezes, apresenta-se como único meio de que se dispõe, para tentar sensibilizar a sociedade e governantes para causa de tais profissionais.
Como exigir maior empenho dos educadores e melhor desempenho nos resultados educacionais, se a categoria amarga uma desvalorização histórica, que, consequentemente, a mergulha numa desmotivação perpétua? como educar para a vida e ao mesmo tempo capacitar para o mercado de trabalho, se os educadores encontram-se acumulando funções que vão desde a sua praxe, a funções de genitores, babás, psicológos, conselheiros e, na grande maioria dos casos, ainda exercendo suas atividades em salas completamente insalubres, lotadas e ruidosas, que nao oferecem condições mínimas ao exercício da docência?
Sem pretender polemizar, mas até para efeito de lançar um reflexão, por que é que políticos (em todas as esferas), juizes, desembargadores, promotores de justiça, auditores fiscais, entre outros profissionais podem ser muito bem remunerados neste país, e o educador, que forma todos esses profissionais, bem como a si mesmo, nao tem o direito de acessar nem a salário digno, que lhe permita manter-se e a sua família, dada à exorbitante carga horária que precisa cumprir para sobreviver? isto é justo? parece-me que não!
Nenhum país considerado desenvolvido, na atualidade, atingiu esse patamar sem que antes tenha investido, maciçamente, em educação (foi assim com os Estados Unidos, com o Japão, Alemanha etc.) e investir em educação perpassa necessariamente também, pela valorização financeira do educador, por seu aperfeiçoamento profissional, condições adequadas de trabalho, a fim de que, o mesmo possa apresentar-se extremamente motivado para o trabalho e, dessa forma, continua para moldar seus alunos nos futuros cientistas e pesquisadores que alavancarão o desenvolvimento deste país. Do contrário, continuaremos como meros coadjuvantes desse neo-colonianismo científico, tecnológico e informacional, no bojo da globalização.
Sérgio Damasceno
Educador